Apesar da pujança, quando se converte produção em renda, o maior produtor contabiliza apenas a segunda maior renda, o chamado Valor Bruto da Produção (VBP), perdendo espaço para São Paulo. O VBP, que considera produção (volume) e preço dentro das propriedades, encolheu 2,17% no Estado em comparação com o consolidado em 2017. Enquanto o agronegócio estadual deve somar R$ 68,87 bilhões nessa safra, o paulista deve passar dos R$ 73 bilhões.

No ano passado, o VBP mato-grossense praticamente empatou com o paulista, R$ 70,40 bilhões e R$ 70,82 bilhões, respectivamente. Mas a farta oferta de soja e milho em 2017 derrubou as cotações das duas commodities e isso afetou sensivelmente o desempenho do VBP. Conforme dados divulgados ontem pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a receita estimada para soja nesse ano soma R$ 28,21 bilhões ante R$ 31,19 bilhões contabilizados no ano passado. Com o milho também se registra a desvalorização, com a produção estimada em R$ 9,22 bilhões nesse ano contra R$ 9,76 bilhões em 2016.

Conforme acompanhamento semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a saca da soja registrou cotação média de R$ 69,09, na segunda semana de agosto do ano passado e em igual momento desse ano apresenta média no Estado de R$ 53,33. Já a saca do milho acumula a maior desvalorização, passando, no mesmo período de comparação de R$ 29,58 para R$ 12,07.

Todas as 20 principais culturas agrícolas do Estado somam, conforme o Mapa, VBP de R$ 55 bilhões contra receita de R$ 55,50 bilhões do ano passado. A pecuária, com VBP formado pela bovinocultura de corte e de leite, pela suinocultura, produção de ovos e avicultura, também aponta queda para atual safra, já que a estimativa prevê faturamento de R$ 13,85 bilhões contra R$ 14,93 bilhões consolidados no ano passado.

BRASIL - O VBP brasileiro de 2017 está estimado em R$ 535,4 bilhões, 4,5% acima do obtido em 2016 (R$ 512,5 bilhões). O resultado das lavouras corresponde a R$ 367,9 bilhões e o da pecuária a R$ 167,5 bilhões. O crescimento do valor real das lavouras é de 10,2%, enquanto o da pecuária apresenta recuo de 6,3%. Os estados de São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e Bahia, representam conjuntamente 70,5% do VBP neste ano.

De acordo com o coordenador-geral de Estudos e Análises da SPA, José Garcia Gasques, como o ano agrícola está quase encerrado para a maior parte das lavouras, não deve haver mudanças acentuadas daqui até o fim do ano.

Enquanto no ano passado os preços agrícolas foram decisivos na formação do valor da produção, neste ano o fator mais importante na composição do valor é a produtividade. “Isso acontece em função da safra recorde de grãos, estimada em 238,2 milhões de toneladas pela Conab, e de 242,1 milhões segundo o IBGE”, analisa Gasques. A expansão de área e os preços têm importância menor na composição do valor de 2017.

Os valores da produção regional mostram a liderança do Sul, com o VBP de R$ 141,3 bilhões, seguida pelo Centro-Oeste (R$ 138,6 bilhões), Sudeste (R$ 137,5 bilhões), Nordeste (R$ 50,1 bilhões) e Norte (R$ 32,5 bilhões).